Por Antonio Gaspari
“A energia nuclear é um direito inalienável para o desenvolvimento econômico e social”, é o que lembrou Dom Giampaolo Crepaldi, arcebispo de Trieste, no encerramento da convenção promovida pela Sociedade de Gerenciamento de Instalações Nucleares (SOGIN) , realizado em Trieste, Itália, em 16 de julho, cujo tema foi “A segurança nuclear é um bem comum”.
O já secretário do Conselho Pontifício Justiça e Paz revelou que a Santa Sé está entre os fundadores da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA) visando a “promover o bem comum” e acompanhar de perto “os processos de desarmamento e não-proliferação nuclear, bem como as possíveis aplicações pacíficas da tecnologia nuclear”.
“Garantir a segurança das instalações nucleares e dos depósitos – precisou o arcebispo –, regulando severamente a produção, distribuição e o comércio de material nuclear, parecem-me ser os pressupostos de uma política energética integrada, capaz de contemplar, ao lado das várias formas de energia limpa, também a energia nuclear”.
"A Doutrina Social da Igreja - enfatizou Dom Crepaldi - insere a energia nuclear no âmbito da responsabilidade comum da humanidade de construir o próprio progresso futuro, no respeito, não como se diz com frequência, aos ‘direitos do ambiente’, uma vez que o ambiente, naturalisticamente entendido, não tem direitos, mas sim aos direitos dos homens, inclusos os pobres de hoje e de amanhã e as gerações vindouras”.
O prelado sublinhou que a Santa Sé tem “afirmado repetidamente a necessidade de utilizar e favor do desenvolvimento dos países pobres os recursos energéticos que derivam da aplicação dos tratados de desarmamento nuclear”. Para Dom Crepaldi, "a Igreja tem em grande consideração a ciência, a técnica e o progresso humano, e ao mesmo tempo, convida o homem a uma postura de prudência, que não significa passividade, incerteza, renúncia ou paralisia das decisões”.
Francesco Mazzuca, comissário do governo italiano, explicou o papel e as atividades da SOGIN, organização controlada pelo Ministério da Economia, responsável pela gestão das centrais nucleares no país desde 1999. “A SOGIN implementará em Trieste um parque tecnológico que contará com um centro de excelência, com laboratórios experimentais dedicados à formação, pesquisa e desenvolvimento na área”, afirmou. A escola deverá firmar convênio com o Centre for Theoretical Physics (ICTP), fundado em 1946 pelo físico paquistanês Abdus Salam, prêmio Nobel de Física em 1979, a fim de favorecer a cooperação internacional e a formação de cientistas nos países emergentes.
Após ter destacado a importância econômica e estratégica da tecnologia nuclear civil, o sub-secretário de desenvolvimento econômico da Itália, Stefano Saglia, disse que “uma central nuclear não pode ser vista como algo indesejável; é, ao contrário, uma oportunidade”.
Roberto Menia, representante do ministério do meio ambiente italiano, forneceu alguns dados que confirmam os benefícios econômicos e ambientais da produção de energia a partir de fontes nucleares, afirmando que “as usinas nucleares já não assustam ninguém”.
Fonte: http://www.zenit.org/article-25573?l=portuguese