29 de agosto de 2014

Nômades? Não, refugiados e precisando de nossa ajuda material e espiritual.

Tenho acompanhado apreensiva as notícias que nos chegam a todo momento pela internet sobre perseguições e massacres de cristãos. Me dói o silêncio tácito das redes de jornalismo e o que mais me assusta é o fato de que a imensa massa de pessoas não-cristãs que professam credos diferentes dos nossos, mas que se auto-intitulam como "pessoas de bem", não se sensibilizam. "De bem" para quem?

Também é verdade que a indignação deveria ser visceral, daquela de sentir nos ossos, por todos irmãos na fé. Me dói muito mais o silêncio covarde de muitos cristãos que não sofrem na pele qualquer perseguição e nem se comovem além das bonitas frases de efeito nas redes sociais.

Nossas "armas" serão o protesto pelas redes sociais (se já não nos restam as ruas), a doação de verbas como auxílio à rede de solidariedade montada e orações, muitas orações. E se você não orar pelo irmão que sofre longe, não reclame se acontecer o mesmo quando chegar sua vez. 

Quem desejar doar verbas - para auxiliar às seguintes instituições católicas presentes no Iraque - bastará procurar o banner específico no menu à direita:

  •  a Caritas Internationalis (informar a ajuda para a Caritas Iraq);
  •  a Fundação de Direito Pontifício "Ajuda à Igreja que Sofre - AIS";
  •  a Catholic Relief Services - CRS (membro da Caritas Internationalis);

Um afetuoso "Muito obrigada" a todos e que Deus os abençoe!

WE ARE CHRISTIANS!
(and I'm proud to be one of His lambs)

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O Papa telefona para um sacerdote iraquiano do campo de refugiados de Ankawa, Iraque.


"Uma carta de lágrimas" - este foi o título que o Pe. Behnam Benoka deu à carta que escreveu ao Papa Francisco. O sacerdote explicou a ZENIT que aproveitou a presença do amigo jornalista Alan Holdren, no voo pontifício de volta da Coreia do Sul, para enviar a carta ao papa através do Viber, um aplicativo de mensagens para telefones celulares inteligentes. O jornalista transcreveu a carta em papel e o entregou ao Santo Padre.

 
No texto, o sacerdote se dirige ao papa dizendo: 

 
"Ao Santo Padre, nosso pastor misericordioso,

Meu nome é Behnam Benoka, sacerdote de Bartella, uma pequena cidade cristã perto de Mossul. Sou vice-reitor do seminário católico de Ankawa. Mas hoje estou em uma barraca que montamos junto com uma equipe de médicos e voluntários para dar assistência médica aos nossos irmãos que estão desabrigados por causa da perseguição.
Santidade, a situação das suas ovelhas é miserável. Eles morrem e têm fome. Seus pequenos têm medo e não aguentam mais. Nós, sacerdotes, religiosos e religiosas, somos poucos e tememos não conseguir responder às exigências físicas e psíquicas dos filhos deles, que também são nossos.
Quero lhe agradecer muito, muitíssimo mesmo, por nos manter sempre no seu coração. Coloque-nos no altar em que celebra a missa para que Deus cancele os nossos pecados e tenha misericórdia de nós, e, talvez, afaste de nós este cálice.
Escrevo com as minhas lágrimas, porque estamos em um vale escuro no meio de uma grande alcateia de lobos ferozes. Santidade, tenho medo de perder os seus pequenos, em especial os recém-nascidos que, a cada dia, se cansam e se debilitam mais; temo que a morte leve embora alguns deles. 
Mande-nos a sua bênção para termos a força de seguir em frente e, quem sabe, resistir ainda mais. 
 
Com profundo amor, 
 
Behnam Benoka"

A resposta do Papa Francisco não demorou. De volta à Itália, na manhã do dia 19 de agosto, o papa telefonou para o Pe. Behnam expressando a sua profunda comoção com a carta recebida. Conforme as declarações do sacerdote, o papa lhe manifestou a sua profunda gratidão pelo trabalho dos voluntários nos campos de refugiados.
 
Na conversa telefônica, o Papa Francisco confirmou o seu pleno apoio e a sua proximidade dos cristãos perseguidos, prometendo que continuará fazendo todo o possível para dar alívio ao sofrimento deles. Ao se despedir, o Santo Padre deu a bênção apostólica e rogou que nosso Senhor dê a esses irmãos o dom da perseverança na fé.

18 de agosto de 2014

Papa Francisco - Excerto de homilia realizada em 26.07.2014 no Parque do Palácio Real de Caserta

"[...] Vós podereis perguntar-me: "Como se encontra o reino de Deus?". Cada um de nós tem um percurso particular, cada um de nós tem o próprio caminho na vida. Para alguns o encontro com Jesus é esperado, desejado, procurado por muito tempo, como demonstra a parábola do comerciante que viaja pelo mundo para encontrar algo de valor. 

Para outros acontece de repente, quase por acaso, como na parábola do agricultor. Isto recorda-nos que Deus se deixa encontrar seja como for, porque Ele é o primeiro que deseja encontrar-nos e procura encontrar-nos: veio para ser o «Deus conosco». E Jesus está entre nós, Ele está aqui hoje. Foi Ele quem o disse: "Quando estais reunidos em meu nome, Eu estou no meio de vós". 

O Senhor está aqui, está conosco, está no meio de nós! É Ele que nos procura, é Ele que se faz encontrar também por quem não o procura. Por vezes, Ele deixa-se encontrar nos lugares incomuns e em tempos inesperados. Quando encontramos Jesus ficamos fascinados, conquistados, e é uma alegria deixar o nosso habitual modo de viver, muitas vezes árido e apático, para abraçar o Evangelho, para nos deixarmos guiar pela lógica nova do amor e pelo serviço humilde e desinteressado. A Palavra de Jesus, o Evangelho. 

Faço-vos uma pergunta, mas não quero que respondais: "Quantos de vós leem um trecho do Evangelho todos os dias? Mas quantos, talvez, se apressam para terminar o trabalho para não perder a telenovela"... Ter o Evangelho nas mãos, ter o Evangelho na bolsa, ter o Evangelho no bolso e abri-lo para ler a Palavra de Jesus: assim vem o reino de Deus. O contato com a Palavra de Jesus aproxima-nos do reino de Deus. Pensai bem: um Evangelho pequeno sempre à mão, abre-se numa página qualquer e lê-se o que diz Jesus, e Jesus está ali.

"O que é necessário fazer para possuir o reino de Deus?"

Sobre este ponto Jesus é muito explícito: não é suficiente o entusiasmo, a alegria da descoberta. É preciso antepor a pérola preciosa do reino a qualquer outro bem terreno; é necessário colocar Deus em primeiro lugar na nossa vida, preferi-lo antes de tudo. Dar a primazia a Deus significa ter a coragem de dizer não ao mal, não à violência, não às vexações, para levar uma vida de serviço aos outros e a favor da legalidade e do bem comum. 

Quando uma pessoa descobre Deus, o verdadeiro tesouro, abandona um estilo de vida egoísta e procura compartilhar com o próximo a caridade que vem de Deus. Quem se torna amigo de Deus, ama os irmãos, compromete-se para salvaguardar a sua vida e a sua saúde, respeitando o meio ambiente e a natureza. 

Sei que vós sofreis por causa disto. Hoje, quando cheguei, um de vós aproximou-se e disse-me: "Padre, dê-nos a esperança". Mas eu não posso dar-vos a esperança, eu posso dizer-vos que onde está Jesus ali está a esperança; onde está Jesus os irmãos amam-se, as pessoas comprometem-se para preservar a sua vida e a sua saúde, respeitando também o meio ambiente e a natureza. 

Esta é a esperança que nunca desilude, aquela que dá Jesus! Isto é particularmente importante nesta vossa bela terra, que deve ser tutelada e preservada, que exige a coragem de dizer não a qualquer forma de corrupção e de ilegalidade — todos sabemos o nome destas formas de corrupção e de ilegalidade — exige que todos sejam servidores da verdade e adquiram em todas as situações o estilo de vida evangélico, que se manifesta no dom de si e na atenção ao pobre e ao excluído. 

Acolher o pobre e o excluído! A Bíblia está cheia destas exortações. O Senhor diz: "Vós fazeis isto e aquilo, não me importa, a mim interessa que o órfão esteja seguro, que a viúva seja curada, que o excluído seja acolhido, que a criação seja preservada". Este é o reino de Deus! [...]".