Por Mariaelena Finessi
[tradução do italiano por Patricia Navas,
tradução do espanhol por Renata Espíndola]
[tradução do italiano por Patricia Navas,
tradução do espanhol por Renata Espíndola]
"Os especialistas a denominam 'sociedade do consumo', mostrando que é o consumo o que define de maneira substancial o funcionamento da estrutura social. Se trata de um fenômeno confrontado de diversas formas por muitos estudiosos e numa acepção mais crítica, se define também como consumismo, num declive que deixa entender um juízo negativo".
O presidente do Instituto Pastoral Redemptor Hominis, Dario Viganò, iniciou desta maneira a jornada de estudo “Consumo, dunque sono”? Una perspettiva educativa, teologica e sociale" (“Consumo, logo existo? Uma perspectiva educativa, teológica e social"). O encontro ocorreu no último dia 05 na Universidade Pontifícia Lateranense, em Roma. Seu título procede de um livro de Bauman do ano de 2008, o qual suscita uma dúvida com o objetivo declarado de aprofundar no tema do consumo e, em último caso, de indagar sobre a realidade existencial do homem de hoje.
Uma realidade caracterizada pela tecnologia e pelos meios de comunicação que, nas palavras de Menduni, “são produtos culturais realizados de maneira industrial, reproduzidos e difundidos num grande número de peças iguais ou similares, que dão a conhecer a seus usuários, pagando ou não, determinados conteúdos que frequentemente são produzidos por sua vez de maneira industrial, coletiva”.
"Por outro lado, os mesmos meios de comunicação aparecem, como escrevia Roger Silverstone em 1999, como “verdadeiros e próprios substitutos sociais, enquanto estes são substituidos na comum aleatoriedade da interação cotidiana, gerando de maneira insidiosa e contínua simulacros da vida. Nesta classificação midiática da sociedade" - interviu Massimiliano Padula, professor de Comunicação Institucional na Lateranense - "já não estão claros os limites entre consumo e consumismo. Individualidade e sociabilidade perdem sua força distintiva para mesclarem-se num meio sociocultural homogêneo cada vez mais evidente no Ocidente e que tem sido capaz de impor-se e de impor seu próprio modelo em todo o mundo, reproduzindo-o em distintos aspectos da vida”.
"É o mesmo Ocidente que tem transformado o mundo num "MacDonalds", usando uma expressão de Ritzer sugerida pela maneira como a comida rápida se enraizou em todas partes com um crescimento exponencial. E numa realidade assim, acabamos “como que vivendo uma espécie de falso dilema: de um lado" - explicou a pedagoga e professora da Lateranense, Chiara Palazzini - "se cultivam intensamente as afeições, porém ninguém quer ouvir falar de laços; por outro lado, cada dia se estabelecem laços que afastam as afeições. O homem tem sentido isso no reconhecimento de seus semelhantes, pelo menos o que põe sua confiança nos objetos de consumo e acaba inevitavelmente sendo esse mesmo objeto. Por isso é necessário intervir com uma pedagogia enérgica. No fundo, a espontaneidade por si só, não produz rosas, senão espinhos”.
Todavia não existe uma receita mágica para educar. “Frequentemente, nosso dever é o que nos custa mais para por em prática”, reconheceu o coordenador das iniciativas do Projeto Cultural da Conferência Episcopal Italiana, Sergio Belardinelli. “Sem dúvida, há algo que pode ser feito: gerar quanto seja possível a consciência de que o bem e o prazer, como sustenta Platão, não são o mesmo. E fazer entender que a realidade existe sim, porém não dependendo espontaneamente de nossos desejos".
Dizia Rousseau que, "se o menino quer a maçã, não se deve levá-la a ele, senão conduzi-lo até ela”. Um ensinamento pedagógico precioso que habitua o esforço de atribuir um valor a cada coisa, indo além do preço de mercado. “Consumir" - explicou Francis-Vincent Anthony, professor de Teologia na Universidade Pontifícia Salesiana - "é esgotar recursos materiais, deriva de uma visão da realidade, como dizer sobre um modo de entender a pessoa humana e a Deus. De modo particular, atrás do nosso hábito atual de 'usar e descartar', há uma vissão mecanicista e utilitarista da natureza, que se reduz a um indiscreto uso e consumo por parte de cada pessoa. Superar esta visão excessivamente antropocêntrica e restabelecer uma relação ideal entre o criação, a pessoa e Deus é o primeiro passo que há de ser dado para combater o problema do consumismo. Traduzindo, significa que para alcançar o último objetivo da própria vida é necessário imprimir uma orientação ética à aquisição tanto dos bens materiais, como dos prazeres da vida. O mal não está no consumo, está em compensação, no se esgotar os recursos sem a preocupação com a consciência moral e a convivência comum”.
À pergunta “Consumo, logo existo?”, respondeu com segurança Anthony: “Sim, consumir é indispenssável para viver, porém uma vida digna da pessoa orientada para a alegria plena impõe a necessidade de se regular eticamente a satisfação das próprias necessidades, sacrificando também a própria vida pelo bem comum. O termo 'consumir' (do latim consumere) - composto por cum (com) e sumere (tomar, usar inteiramente) – indica, em sua acepção mais ampla, 'um tomar com' os demais. Neste sentido, consumir é sacrificar (sacrum facere), assim dizendo, uma ação sagrada. Pela perspectiva cristã" - concluiu Anthony – "a Eucaristia representa de uma maneira eloquente o consumo junto ao sacrifício que há de ser testemunhado na vida”.
O presidente do Instituto Pastoral Redemptor Hominis, Dario Viganò, iniciou desta maneira a jornada de estudo “Consumo, dunque sono”? Una perspettiva educativa, teologica e sociale" (“Consumo, logo existo? Uma perspectiva educativa, teológica e social"). O encontro ocorreu no último dia 05 na Universidade Pontifícia Lateranense, em Roma. Seu título procede de um livro de Bauman do ano de 2008, o qual suscita uma dúvida com o objetivo declarado de aprofundar no tema do consumo e, em último caso, de indagar sobre a realidade existencial do homem de hoje.
Uma realidade caracterizada pela tecnologia e pelos meios de comunicação que, nas palavras de Menduni, “são produtos culturais realizados de maneira industrial, reproduzidos e difundidos num grande número de peças iguais ou similares, que dão a conhecer a seus usuários, pagando ou não, determinados conteúdos que frequentemente são produzidos por sua vez de maneira industrial, coletiva”.
"Por outro lado, os mesmos meios de comunicação aparecem, como escrevia Roger Silverstone em 1999, como “verdadeiros e próprios substitutos sociais, enquanto estes são substituidos na comum aleatoriedade da interação cotidiana, gerando de maneira insidiosa e contínua simulacros da vida. Nesta classificação midiática da sociedade" - interviu Massimiliano Padula, professor de Comunicação Institucional na Lateranense - "já não estão claros os limites entre consumo e consumismo. Individualidade e sociabilidade perdem sua força distintiva para mesclarem-se num meio sociocultural homogêneo cada vez mais evidente no Ocidente e que tem sido capaz de impor-se e de impor seu próprio modelo em todo o mundo, reproduzindo-o em distintos aspectos da vida”.
"É o mesmo Ocidente que tem transformado o mundo num "MacDonalds", usando uma expressão de Ritzer sugerida pela maneira como a comida rápida se enraizou em todas partes com um crescimento exponencial. E numa realidade assim, acabamos “como que vivendo uma espécie de falso dilema: de um lado" - explicou a pedagoga e professora da Lateranense, Chiara Palazzini - "se cultivam intensamente as afeições, porém ninguém quer ouvir falar de laços; por outro lado, cada dia se estabelecem laços que afastam as afeições. O homem tem sentido isso no reconhecimento de seus semelhantes, pelo menos o que põe sua confiança nos objetos de consumo e acaba inevitavelmente sendo esse mesmo objeto. Por isso é necessário intervir com uma pedagogia enérgica. No fundo, a espontaneidade por si só, não produz rosas, senão espinhos”.
Todavia não existe uma receita mágica para educar. “Frequentemente, nosso dever é o que nos custa mais para por em prática”, reconheceu o coordenador das iniciativas do Projeto Cultural da Conferência Episcopal Italiana, Sergio Belardinelli. “Sem dúvida, há algo que pode ser feito: gerar quanto seja possível a consciência de que o bem e o prazer, como sustenta Platão, não são o mesmo. E fazer entender que a realidade existe sim, porém não dependendo espontaneamente de nossos desejos".
Dizia Rousseau que, "se o menino quer a maçã, não se deve levá-la a ele, senão conduzi-lo até ela”. Um ensinamento pedagógico precioso que habitua o esforço de atribuir um valor a cada coisa, indo além do preço de mercado. “Consumir" - explicou Francis-Vincent Anthony, professor de Teologia na Universidade Pontifícia Salesiana - "é esgotar recursos materiais, deriva de uma visão da realidade, como dizer sobre um modo de entender a pessoa humana e a Deus. De modo particular, atrás do nosso hábito atual de 'usar e descartar', há uma vissão mecanicista e utilitarista da natureza, que se reduz a um indiscreto uso e consumo por parte de cada pessoa. Superar esta visão excessivamente antropocêntrica e restabelecer uma relação ideal entre o criação, a pessoa e Deus é o primeiro passo que há de ser dado para combater o problema do consumismo. Traduzindo, significa que para alcançar o último objetivo da própria vida é necessário imprimir uma orientação ética à aquisição tanto dos bens materiais, como dos prazeres da vida. O mal não está no consumo, está em compensação, no se esgotar os recursos sem a preocupação com a consciência moral e a convivência comum”.
À pergunta “Consumo, logo existo?”, respondeu com segurança Anthony: “Sim, consumir é indispenssável para viver, porém uma vida digna da pessoa orientada para a alegria plena impõe a necessidade de se regular eticamente a satisfação das próprias necessidades, sacrificando também a própria vida pelo bem comum. O termo 'consumir' (do latim consumere) - composto por cum (com) e sumere (tomar, usar inteiramente) – indica, em sua acepção mais ampla, 'um tomar com' os demais. Neste sentido, consumir é sacrificar (sacrum facere), assim dizendo, uma ação sagrada. Pela perspectiva cristã" - concluiu Anthony – "a Eucaristia representa de uma maneira eloquente o consumo junto ao sacrifício que há de ser testemunhado na vida”.