31 de agosto de 2021

Mensagem de S.S. Paulo VI para a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano na ocasião do V Dia Mundial do Meio Ambiente - 1977


Aproveito alguns momentos de folga para compartilhar catequeses antigas, que foram realizadas em datas singulares para o conhecimento dos profissionais católicos romanos da área ambiental. Todos semearam para que Francisco pudesse ver os frutos se desenvolvendo, organizasse a diversidade de cultivos e desse instruções para que, até a colheita, muitos não se percam e a Criação - pela graça de Deus - possa sustentá-los.

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E Deus viu todas as coisas que havia feito, e eram muito boas” (Gn 1:51).

Este texto antigo, tão simples e ao mesmo tempo tão profundo, lembra a todos nós hoje que temos que considerar e aceitar o mundo em que vivemos, esta Criação, como boa, como um todo. Bom, porque é um presente de Deus; bom, porque constitui o ambiente no qual todos nós fomos colocados e no qual somos chamados a viver a nossa vocação em solidariedade uns com os outros.

Nos últimos anos, tem havido uma consciência crescente em todo o mundo de que "o meio ambiente condiciona essencialmente a vida e o desenvolvimento do homem; o homem, por sua vez, aperfeiçoa e enobrece o meio ambiente com sua presença, seu trabalho, sua contemplação" (Mensagem à Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente; L'Osservatore Romano, Edição em Língua Espanhola, 18 de junho de 1972, p. 1)

Portanto, é muito reconfortante ver os membros das Nações Unidas proclamarem um Dia Mundial do Meio Ambiente, para que todos, em todos os lugares, possam aproveitar esta oportunidade para celebrar os bens desta terra e compartilhá-los de forma mais consciente e igualitária com todos os seus irmãos e irmãs.

Essa consciência do nosso meio ambiente é mais urgente hoje do que nunca. Porque os homens, que têm os meios e a capacidade de construir e enobrecer o mundo ao seu redor, também podem destruí-lo e esbanjar seus bens. A ciência e a tecnologia humanas alcançaram objetivos maravilhosos. Mas você tem que ter cuidado para que eles sejam usados ​​para aumentar a vida humana, não para diminuí-la. O esforço humano trouxe muita riqueza para fora da terra. Mas esta riqueza não deve ser desperdiçada supérflua por uma minoria, nem egoisticamente acumulada para o benefício de uns poucos às custas do resto da humanidade necessitada.

Por isso, a celebração deste Dia do Meio Ambiente em que vivemos deve ser ao mesmo tempo um apelo à união de todos nós, guardiães da Criação de Deus. Deve ser um caminho para renovar o nosso empenho na tarefa de preservar, melhorar e dar às gerações futuras um ambiente saudável, no qual cada pessoa se sinta realmente em casa (cf. Mensagem citada).

O propósito de tal apelo requer mais do que uma mera renovação de esforços. Exige uma mudança de mentalidade, uma conversão de atitudes e práticas, para que os ricos usem voluntariamente menos os bens da terra e os compartilhem de forma mais ampla e sábia. Exige simplicidade no estilo de vida e uma sociedade que saiba conservar de forma inteligente, em vez de consumir desnecessariamente. Exige, por fim, um sentido universal de solidariedade, no qual cada pessoa e cada nação desempenhe o seu papel próprio e interdependente, para garantir um ambiente ecologicamente saudável para as pessoas de hoje e para as gerações futuras.

Tudo o que é criado por Deus é bom”, escreveu o apóstolo Paulo. Rezamos intensamente para que este Dia do Meio Ambiente seja uma ocasião para todos e em todos os lugares se alegrarem com a sabedoria deste grito e se comprometerem a compartilhar e preservar fraternalmente um meio ambiente puro, como patrimônio comum de toda a humanidade.


Papa Paulo VI


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